Sei que agora têm meninos e meninas, nessa Bahia tão sacudida pelo terremoto santo da invenção, que estão na encruzilhada, sentindo a estranheza de querer alguma coisa que a escola não ensina, que os pais não estão esperando deles. Esses, os artistas na incubadeira, estão na solidão natural do momento em que vão fazer o seu voto – abandonar o mundo formal dos escritórios, bancos e balcões. Sinto que é preciso ir lá na caverna dessa solidão, onde a gente tartamudeia e não se reconhece na língua vigente. Mas na hora em que uma sílaba se torna som, é o verbo, é o Gênesis. Digo: tenha calma dentro da sua caverna. Segure aí seus pelos arrepiados, porque é assim mesmo. Sua vida pode ser frutífera, solar, alimentadora das gerações que você vai representar e influenciar. Falo, apesar de parecer idiota, porque nunca fiquei na moda, nunca escolhi ser amigo do rei, nem politicamente correto, nem alfabetizado, nem esnobe. Tudo o que faço corre mesmo o perigo da imbecilidade. Aliás, cada passo na arte é sobre o fio da navalha, entre o ridículo e o brilhante.
Larissa Ribeiro.
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