"Eu era sensível a muitas coisas: um sapato de mulher debaixo da cama; o
jeito delas dizerem “vou fazer xixi”; prendedores de cabelo; andar com
elas pelos bulevares à 1:30 da tarde, só os dois, juntinhos; as longas
noites bebendo, fumando, conversando; as brigas; pensar em suicídio;
comer juntos e se sentir bem; as brincadeiras, as gargalhadas sem
motivo; sentir milagres no ar; estar junto de manhã; ser avisado de que
você ronca; ouvi-la roncando; mães, filhas, filhos, gatos, cachorros; às
vezes morte; às vezes divórcio, mas sempre tocando pra frente, sempre
chegando ao ponto final; ler um jornal sozinho numa lanchonete, nauseado
pelo fato de ela ter se casado com um dentista de QI 95; pistas de
corridas, parques, piqueniques nos parques; até prisões; os amigos
chatos dela, os seus amigos chatos; seus porres, a dança dela; seus
flertes, os flertes dela; as pílulas dela, as suas trepadas fora do
penico, ela fazendo o mesmo; dormir juntos.”
capítulo 92, página 221 - Bukowski.
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