Estávamos ali, os dois fincados na areia da praia. Recém chegados do asfalto te ouvia de perto entre sussurros e risadas, um causo antigo. Foi aí que levantamos. Você de frente pra mim pôs se silenciosamente a tirar a roupa, eu incrédula da atitude me contive a mirar seus olhos que fitavam insistentemente os meus traçando ali o único objeto de comunicação. Desci os olhar acompanhando o movimento com que tua mão levava embora sua cueca, sorri de canto, sorriste de volta. Me encaraste fundo e dissesse devagar:
- Tira a roupa.
Não obedeci de imediato, ergui de novo os olhos aos teus e esperei por um complemento, razão, ideia, circunstância que pudesses utilizar para me convencer. Apenas repetistes a frase. Tira a roupa. E diante da minha imparcialidade lentamente seu corpo se curvou, abaixando muito delicadamente pegaste na areia a barra do meu vestido e conforme te levantavas trazia junto o pano que eu vestia. Subia as mãos pelas minhas canelas, coxas, barriga, em resposta apenas ergui os braços para facilitar-te o trabalho.
O vestido encontrou o chão branco e movediço e eu encontrei novamente seu olhar inquieto. Senti seu corpo me abraçar, suas mãos desabotoaram meu sutiã e correram pelos meus braços tirando-lhes as alças, de repente tinha ali um pedaço de pano equilibrado tão somente pela pressão corporal entre nós dois. Afastei-me um pouco até que a peça se perdesse por falta de amparo. Senti suas mãos tocarem meu rosto, num carinho sem marcações, olho, boca, nariz, tudo tocado pelas suas palmas largas e ao mesmo tempo infantis. Seus lábios se juntaram às carícias e novamente te ajoelhastes no tapete branco. Beijavas minha barriga, agarravas minha cintura, senti como uma brisa suave minha calcinha se enrolar enquanto descia pelo meu corpo. Lentamente, um após o outro tirei os pés do chão e passou por eles o último pedaço de pano que me distanciava de você.
Senti seu rosto roçar contra a minha pele, suas mãos subindo pelas minhas pernas, alguns beijos que mais eram consequências do roçar dos lábios do que um fingir de boca se fechando em bico. Já entre meus seios, sentia-te a me apalpar, um tato gentil, uma pressão firme, mas delicada, um toque diferente, voltastes a segurar meu rosto e enternecido me olhou como a um ser de outro mundo, um traço inconfundível da arquitetura do além. Segurei-te pelos ombros e juntos seguimos em direção ao mar.
A água passa a areia fica no lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário