sábado, 25 de maio de 2013

Eu queria bis, ela não quis

por João Rodrigo Ostrower


Num dia comum de Carnaval (NENHUM É) eu esbarrei numa bela bailarina (TODAS SÃO) flanando pela rua. Fiquei absolutamente enfeitiçado, venci minha timidez e, não sem a ajuda de algum entorpecente (NÃO LEMBRO QUAL), fui falar com ela. Eu vestia minha fantasia clássica de alce (COMO SEMPRE), conversamos um pouco, e então fui ficando confiante (COMO NUNCA), já que estávamos rindo (MAS MUITO) e flertando (MAIS QUE MUITO). 

Num determinado momento, fui beijá-la (OBA!), e ela, de súbito, perguntou se eu não lembrava dela (OPS!). Eu pensei que ela estava me confundindo com alguém, e brinquei com isso, mas ela insistiu, daí eu, galante, disse que certamente lembraria uma mulher tão bonita (OLÉ!). 

Sem mais nem menos, no auge do voo de uma serpentina aleatória, ela pegou o telefone dela (OI?) e digitou alguma coisa. Meu corpo tremeu, e então me dei conta de que era o celular vibrando (VIVO!) no meu bolso. Peguei o aparelho, olhei para a tela e vi o nome dela (CLARO...). Ela estava ligando para mim naquele exato momento. Eu não só a conhecia como tinha o seu número gravado na memória (DO CELULAR).


Quando li o nome lembrei-me de tudo, mas não havia mais nada que eu pudesse falar, ou fazer, naquele momento. Minha memória sempre foi muito cretina comigo, ou ruim mesmo, desde a minha infância (EM NOVA IGUAÇU). Bem, eu conhecera aquela princesa, que agora era bailarina, alguns anos antes, num samba (NA LAPA). Nós ficamos juntos naquela longa e longínqua noite de verão, e eu até liguei para ela depois, juro, mas ela estava muito enrolada com preparativos para morar no exterior (NA ARGENTINA) e não nos vimos mais.

De fato, ela morou fora por uns tempos, mas agora estava de volta, e ali, e linda, na minha frente. Nesse dia de Carnaval (QUE EU AMO) ela não me beijou, mas disse que me beijaria se eu levasse para ela, em algum outro bloco, um Bis Limão, já que sou ator e, na época, esse meu comercial (QUE ELA AMA) estava no ar. Investi nisso, comprei uma caixa e passei a levar um Bis comigo em todos os dias da folia. No entanto, eu não a encontrava mais, e chegava em casa, todas as noites, embriagado de alegria, mas com um Bis derretido no bolso. No último dia, no último bloco, no último confete, no último Bis, eu finalmente a encontrei. Ela não acreditou que eu levara mesmo o chocolate-limão para ganhar um beijo, nós dois rimos muito da história, e, desde então, sempre que nos falamos rola um clima de romance (QUE NÓS AMAMOS), mas nada acontece. Ela sempre faz um doce, de limão, meio azedo (QUE NINGUÉM AMA).

E até hoje o nosso bis fica sempre por um triz.

(ESSA MULHER NÃO ENTENDE A BELEZA QUE É EU TER ME APAIXONADO POR ELA, À PRIMEIRA VISTA, POR DUAS VEZES. MAS EU NÃO DESISTO, QUEM SABE NUM PRÓXIMO TRÍDUO MOMESCO ISSO NÃO ACONTECE PELA TERCEIRA VEZ?)

João Rodrigo Ostrower é jornalista, dramaturgo e diretor de teatro. Texto roubado do Ornitorrinco, link original.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Antes que tu conte outra




Álbum novo da banda Apanhador Só, Antes que Tu Conte Outra. Experimental, urbano, mas todo envolto numa coisa que é só deles e que eu adoro. O cd foi financiado via incentivo coletivo e quem ajudou a viabilizar já deve tá curtindo as canções faz uns dias. Se vc ainda não ouviu, baixa aqui, de graça, sem neuras, livre pra amar. Tá ansioso? Vem ouvindo aqui enquanto o download completa.


...
Se todo vício deixa resquícios
com que artifícios é que eu vou conseguir fazer ela perceber
que, se a medalha é minha, é dela
e perceber
que se eu corro abertamente eu vou mais?
Vitta, Ian Cassales, faixa 02.

terça-feira, 21 de maio de 2013

What KT does?


Ilustrações lindas de meninas e flores.

KT Smail é uma talentosa escocesa que vive em NY. Ela desenha em traços simples, mas cheios de delicadeza e já teve seu trabalho vinculado a marcas como Topshop, Converse, ElleGirl, etc. Também pudera, né? Entre tímidos e melancólicos, esses olhinhos desenhados são arrebatadores.





Quer ver mais? Clica aqui.

domingo, 19 de maio de 2013

Seu amor me beija a testa

por Tâmara Abdulhamid


Às vezes eu duvido que você me conheça tanto assim. Eu forço minha memória para lembrar de você desde a infância, porque acho que viemos de lá. Deve ter sido ali que começamos a brincar e, um dia, eu talvez  tenha soprado nos seus ouvidos tudo sobre mim. Falado assim, ligeira, contando segredo sem maldade e tenha saído correndo, aos pulinhos esperando a nossa próxima brincadeira. E você talvez tenha guardado tudo o que eu disse. Pendurado no pescoço e enterrado na sua cápsula do tempo para hoje me abrir, me desnudar para mim.

Acho que você filma os meus pensamentos, ou talvez tenha contratado um arranjo, um meio de saber o que penso. Porque em todas as nossas conversas, eu termino olhando para trás rindo e não te vejo, e então me assusto com você na minha frente, sempre à minha frente, me ultrapassando, me traduzindo, me interpretando, me antecipando.

Você e esse seu amor antigo. Esse seu amor que é de homem, mas que é também amigo. Que me trata como uma rosa, amando meus espinhos. Eu sinto você beijando minhas pétalas, a ponta do meu nariz, e me abençoando com um beijo na testa.

Seu amor me abençoa. Seu amor me guiou a vida. E eu nunca tinha visto. Porque sempre olhei para trás, meu rapaz. Eu sempre te procurei no lugar errado. Mas, você estava na frente. Você me ama com amor de futuro. Você me olha com sua alma antiga, de quem aprecia coisa boa, coisa eterna. Você não me vê agora, essa garota besta e dual que sou. Você me namora desde a eternidade e já dedilha com  paixão as rugas que coroam meus olhos. Você é meu atemporal. Você bagunçou a minha vida e desorganizou meus padrões. Você bagunçou a minha cama, desarrumou os meus lençóis, você revirou o meu conto de fadas.

Com amor. Com seu jeito de amar o meu jeito de sorrir com o rosto todo, esse seu olhar de eternamente, seu olhar que me melhora, que me cura, que me metade. Você me parte.

Você ouve tudo o que eu falo, e me absorve. Bebe as minhas palavras com o ouvido e se abaixa para colher as gotas que caem. Você me guarda dentro de si. Você é o amor que eu pedi e joguei no mar fazendo prece. Quando encontrou, destampou minha voz no ouvido, e dançou comigo nos meus sonhos. Hoje você se revela.

Era para sua ausência ter causado a minha desgraça. Era para eu ter ficado tão embaraçada com a falta de você a ponto de ter desintegrado os meus sonhos em água derramada nos seus pés. Mas, não. Você me manteve em um lugar bonito. Dentro de um altar por tantos anos, você me preservou.

Era para sua ausência ter me guiado para longe de você. Mas, ela me trouxe de volta. Ela conduziu minhas mãos às suas, ajustou meu formato ao seu. Com esse seu amor forte, de longe, você continuava a me abençoar. Com seu amor velado, me beijava no ar. E, hoje, seus olhos me vestem de pureza, e me cobrem de ternura sob a luz dessa sua mansidão.

Vem e me acalma, que hoje minha alma consegue ser abrigo de tudo o que você é, por inteiro. Caminhemos nesse enfim.
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quarta-feira, 15 de maio de 2013

On a bicycle build for two

Vamos comemorar por que mais casamentos, mais bolos! Agora é lei, nenhum cartório brasileiro pode se negar a realizar uma união homoafetiva.
E a gente comemora, claro! Porque já pensou em quantas histórias de amor que tiveram esse sonho de subir ao altar vão finalmente concretizá-los?
E já pensou em quantas fotos lindas e festas lindas vão acontecer país afora? Se não, a gente tem uma mostrinha de como a felicidade vai ser geral.

O projeto A Bicycle build for Two é uma prova disso. Um site todo feito de imagens de casais homoafetivos no dia mais feliz de suas vidas, o casamento.





Se isso não é amor, eu não sei o que é

Por Gabito Nunes

Sejamos adultos e vamos encarar os fatos: garotas sempre querem compromisso. Todas, pergunte aos hormônios. Algumas apenas não sabem disso ainda. Outras, pode ser que não hoje, esta tarde, mas num futuro concreto, sim, querem compromisso. Mesmo as que não admitem, querem compromisso. Pode ser que a intenção não se manifeste ao seu lado, mas certamente há um outro carinha na parada as deixando sonhadoras. Tudo bem, pouquíssimas não querem compromisso, no entanto topam numa boa serem desafiadas. Garotas não sabem ser solteiras aos domingos, e há domingos praticamente toda semana, coisa que as empurra para um relacionamento sério e duradouro.

Aí, sem mais nem menos, ela marca um encontro contigo em algum pub ou qualquer local público aberto após o expediente. É um bar perto de onde ela mora, não muito cheio, de modo que ela escolhe um lugarzinho afastado dos beberrões. Há quadros do Jimi Hendrix e Janis Joplin, e capas clássicas de vinil pregadas na parede, acho que pra decorar. Tem algo diferente nela, talvez a ausência do sorriso que você interpreta como o início de uma TPM, ou o cabelo está diferente, ou a maquiagem pouco enérgica. Ela esconde-se atrás do cardápio, da franja, da mão pequena atulhada de aneis. Até que finalmente consegue olhar pra você e bangue! Na maior caradura, dispara o que há de novo:

“Bem, eu não sei como dizer isso, senão direto ao ponto. Bem, o ponto é que chegamos a um ponto, eu pelo menos, que a gente acaba parando pra analisar o que a gente tem. O caso é que estamos saindo já faz um bom tempo e... O que está acontecendo? Tudo e nada. Tudo: nos damos super bem e nossas conversas sempre rolam legal e eu tenho um afeto enorme por você, além da parte física que, você sabe, é deliciosa e incomum. Nada: olha, acho que a gente acabou se metendo numa confusão sem tamanho e eu me sinto enfiando os pés pelas mãos. Não sei, talvez a gente deva pegar mais leve, esse lance todo tem me deixado assustada. Enfim, não sei exatamente o que quero dizer, talvez precise de um tempo pra pensar melhor nisso, um tempo pra mim, um tempo de nós. Por isso eu sumi ontem de manhã, acordei e me dei conta que já havia uma gaveta com coisas minhas na sua casa e isso me rendeu uma espécie de apneia diurna, fiquei refletindo sobre o significado disso tudo e, sei lá. Essa situação tá insustentável pra mim, ando cheia de coisas pra fazer e não sei por onde começar. Eu não queria me apaixonar agora, é isso. Acho que a gente não deveria levar tudo tão a sério.”

Sério digo eu: por que as garotas fazem esse tipo de coisa? Azul é azul, vermelho é vermelho. Por que a insistência em enxergar tudo em púrpura? Por que tantos rodeios e nebulosidades onde deveriam estar andando despreocupadas com os pezinhos descalços numa traçada linha reta e nítida? Qual a vantagem de ser uma adaptação para teatro de rua dos contos da Clarice Lispector? O que eu entendi disso tudo? “Blablablá, a gente não deveria levar tudo tão a sério”. O que vocês têm contra o amor correspondido? Você vai compreender meu argumento ao comparar essa tergiversação feminina com algumas coisas que ela me disse não faz muitos dias, na cama, suarentos e com camisetas e calcinhas e tênis All Star rolando pelo tapete.

“Você me faz sorrir.”

“Promete que não conta a ninguém? Certo, eu tinha este sonho seguidamente. Eu ficava esperando muito tempo, até que o ônibus finalmente chegava. Eu estendia a mão, ele parava, e quando eu levantava o olhar pra checar a lotação, eu via você. Quer dizer, um cara. Mais ninguém, só você. E eu sabia. Simplesmente sabia que era você, que era ele. Que era minha vez de subir, que tinha um assento reservado com meu nome. Mas eu ficava paralisada, com vergonha e sem saber como agir, sem saber onde pôr as mãos. No fundo, eu tinha medo de subir porque eu teria de tomar a iniciativa, chamar atenção, fazer alguma coisa que fosse. Era mil vezes mais confortável enquanto eu esperava, esperava, esperava. Aí o ônibus arrancava e você, esse cara, girava o pescoço e ficava olhando pra trás, uma carinha linda de cão abandonado, até sumir na esquina. E eu ficava lá, parada, com os pés encravados no chão, vendo minha chance passar. Aí eu acordava ensopada de suor e me achando a mais covarde do mundo.”

“Posso esfregar meu pé no teu? Tenho frio.”

“Você fala como se soubesse tudo o que eu quero. Você acha que sabe, não acha? Só que, no momento, aposto que nem se deu conta, tudo que eu quero é você.”

“Adorei passar um fim de semana inteiro contigo. No início eu tive medo, acho que estava projetando minhas limitações na sua pessoa. Mas você não era nada daquilo. Você é gentil e doce. E cada gesto seu me surpreende. Sei lá, acho que ninguém nunca fez nada de bom por mim a vida toda, nada parecido com o que você conseguiu em dois dias. Meio abrupto, reconheço. Você me faz viver fora da minha linha e é isso que eu gosto em você. Dá medo, mas é um medo gostoso de ter.”

“Sua boca é bem bonita.”

“Até conhecer você, não era difícil arriscar uma definição para o amor: 'é uma coisa que acontece com os outros'.”

“Porque amanhã de manhã, vou sair daqui para trabalhar e chegando lá, vou sentir saudade. Uma saudade forte, com a mesma intensidade da saudade que eu sentia de você antes de ter te conhecido. Só que diferente, uma saudade alegre. Sem aquela sensação de impossibilidade e desesperança.”

“Isso é amor?”

“Se sentir tesão, me acorda.”

Ela realmente falou essas coisas? Sim, ela realmente falou essas coisas. Eu estava lá quando tudo aconteceu, com a cabeça no mesmo travesseiro, circulando um mamilo com o indicador, fixado nos seus olhos de framboesa, que luziam enquanto os lábios úmidos diziam cada sílaba, cada frase. Me explica. Por que tanta prolixidade, por que tantos subterfúgios, por que tantos chavões do tipo “ah-preciso-de-um-tempo-pra-pensar”? Como exatamente pensar ajudaria nesse tipo de ocasião? Estamos falando de amor e não de como monopolizar a Brigadeiro Faria Lima no Banco Imobiliário.

Por que tanto auê por causa de uma gaveta? Tinha uma iguana dentro ou troço assim? E que bobagem é essa de “esse-lance-todo-tem-me-deixado-assustada”? Sou um cara bacana e não um zumbi foragido de “Tomb Raider”. Pombos em praça pública ficam assustados, não garotas diante do amor. Sim, amor. Ela mesma disse, somos ótimos juntos, temos tudo em comum e muitas histórias pra compartilhar, e o sexo, deus do céu, nem Anaïs Nin saberia descrever.

Se isso não é amor, eu não sei o que é. Venha com o peito aberto, estufado e cheio de coragem. Ou vá embora. Mas depois não vem me dizer que tem coração.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Despirocar

Álbum novo, clipe novo, ventos bons vindo do Sul.
A banda Apanhador Só tá cheia de coisinhas pra mostrar. E começa aqui, por Despirocar, novo single da banda que tem videoclipe saindo do forno. Numa co-produção entre Sofá Verde Filmes, Tokyo Filmes e Bloco Filmes, logo logo, a canção estará disponível pra download no site da banda.

Check it out.

Abismo Prateado

"Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúmes. Quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci..."



Um roteiro inspirado nessa canção não pode ser nada se não maravilhoso. Abismo Prateado, estrelado por Alessandra Negrini e inspirado em Olhos nos Olhos, canção do mestre muso Chico Buarque acabou de ser lançado e já tá na lista dos trabalhos reluzentes de 2013.

O filme com direção de Karim Aïnouz, tem como personagem principal Violeta, uma dentista que mora em Copacabana com a família aparentemente feliz. Tudo está bem até que seu marido termina o casamento de anos com um recado na caixa postal do celular, dizendo: “Eu não te amo mais.”

Desde já aceito (e agradeço) links para download nos comentários. ♥

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Coitadinha, Bem Feito.


"Quando amamos demais, nos tornamos, ao mesmo tempo, o crime e o castigo. "

Sem outras palavras que possam definir esse trabalho, por hora. Coitadinha, Bem Feito. Uma exaltação a Ângela Ro Ro, que sempre foi e continua sendo um escândalo. Vozes masculinas maravilhosas, Otto, Thiago Pethit, Tatá Aeroplano, Lirinha, que delícia.

"Loucura é loucura, não me compreenda"

Baixe a delícia aqui. E fique com um pedacinho....