sábado, 30 de junho de 2012

Cinismo ilustrado


Além dos Tumblrs com gifs animados que circulam pela internet, sites com ilustrações também são uma boa fonte de diversão com sacadas geniais.

É o caso do Cinismo Ilustrado, uma página super simples, mas muitíssimo engraçada e inteligente criada e mantida todinha por Eduardo Salles. O site é em espanhol, mas nada que um bom e velho tradutor ou um nem-tão-sofisticado portunhol não resolva. 

Selecionamos para mostrar no blog alguns dos trabalhos do ilustrador, claro que muitos voltados para as temáticas, ou melhor, problemáticas amorosas.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O amor segundo Tom Zé


Para aquecer os corpos e corações nesse inverno nada melhor que pesar a mão na dose de açúcar das músicas, não?

Mas é claro!

Mas é claro também que o artista selecionado varia de pessoa pra pessoa. No meu caso e na minha visão torta de romance escolhi a escola Tom Zé de sentimentos para essa estação.

Mas é claro que eu não poderia deixar de compartilhar então se entreguem todos ao som dasloucura tropicalista que é o amor.


Ouça aqui:

O amor segundo Tom Zé by Maria Eduarda Carvalho on Grooveshark

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Antes de morrer eu...


O que você gostaria de fazer antes de morrer? 

Após uma perda significativa a artista americana Candy Chang queria entender o que as pessoas ao seu redor gostariam de fazer antes que suas vidas acabassem. Para isso Candy lançou a proposta num muro abandonado perto de sua casa em New Orleans, para que a questão fosse completada: Before I die...

A iniciativa deu certo e rodou o mundo. E depois de alguns muitos pedidos a artista e seus parceiros de intervenção criaram o kit Before I Die com ferramentas para ajudar as pessoas a fazerem uma parede igual.

O kit inclui um stencil, guia, luvas e giz. Se preferir, você pode criar os próprios stencils baixando gratuitamente no site do projeto.

beforeidie.cc

@beforeidie

Veja as fotos da intervenção

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Vermelho


Não sei se ainda é novidade ou se há quem não tenha visto, mas eu vi hoje e, nossa, que coisa linda esse clipe!

Reza a lenda que a moça bonita que foi filmada, deu essa ideia ao seu namorado, o cineasta Rafael Salim e  ele e o Camelo aprovaram resultando nesse registro intimista e lindo. Olha só:

 
Marcelo Camelo - Vermelho from Rafael Salim on Vimeo.

"As vezes eu só quero descansar
Desacreditar no espelho
Ver o sol se pôr vermelho

Acho graça
Que isso sempre foi assim
Mas você me chama pro mundo
E me faz sair do fundo de onde eu tô de novo

Nada sei dessa tarde
Se você não vem
Sigo o sol na cidade
Pra te procurar

Eu bem sei onde tudo vai parar
Já não tenho medo do mundo
Sou filho da eternidade

Trago nesses pés o vento
Pra te carregar daqui
Mas você sorri desse jeito
E eu que já perdi a hora e o lugar
Aceito.

Nada sei nessa tarde
Se você não vem
Sigo o sol na cidade
A te procurar

Nada de meu nesse lugar
A cidade vai pensar
Que nada aconteceu em vão
Você vai me ligar então mais uma vez"

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Pra onde irá essa noite?



Lucas Santtana acabou de lançar o segundo clipe do novo álbum O Deus Que Devasta Também Cura, a música escolhida "Para Onde Irá Essa Noite?" já é por si só uma narrativa, mas com a captura em vídeo, ficou ainda melhor, claro.

Antes de irmos ao que interessa, atentem-se para um detalhe, a moça alta e bonita, anfitriã da festa fictícia é ninguém mais ninguém menos que nossa querida Letícia Novaes, da Letuce, sabe? Então, mais um motivo pra assistir!

Para conferir o álbum todo é só curtir e ouvir Lucas Santtana nesse link.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Queria ter dado um oi

Na correria da rotina ás vezes a gente se surpreende quando esbarra em alguém que julga ser especial. É difícil explicar, simplesmente acontece, você olha e de repente se imagina pelo resto da vida com aquela pessoa, ou pelo menos gostaria de ter dito um oi.

Pensando nisso o americano Adria Navarro e a coreana Lisa Park criaram o site I wish I said Hello que sai do campo virtual e acontece também nas ruas buscando reaver aquelas possibilidades perdidas, do ponto de ônibus, do barzinho, livraria, ou do metrô. A ideia é muito simples: Lembra do local onde você o/a encontrou pela primeira e última vez? 

Pois bem. Basta voltar ao ponto e colar lá sua mensagem no muro deixando alguma referência ou contato pra resposta. Para isso o site disponibilizou vários modelos de balões, basta escolher e preencher com as informações convenientes.

Se inspirou? Então segue uma par de ideias para você fazer o seu. E no site você encontra ainda mais.





domingo, 3 de junho de 2012

Corações involuntários

Corações involuntários é um projeto que reúne no Facebook e outras redes sociais imagens aleatórias que acabaram formando corações.

Tem comida, nuvens, árvores, objetos do dia-a-dia, poças de água, qualquer coisa que misteriosamente tome uma forma especial.

O Viver de Chamego também encontrou Corações involuntários por aí, dias atrás enquanto eu fazia o almoço, reparei na forma mais que visível de uma marca na tábua de bater bife, adivinha só o que era?


E você, quer ver mais corações involuntários espalhados por aí ou enviar o seu próprio? Corre lá na página do projeto e saiba mais a respeito: https://www.facebook.com/CoracoesInvoluntarios

São Paulo é uma cidade de coisas despercebidas

Em 2002 a jornalista Vanessa Barbara escreveu "São Paulo é uma cidade de coisas despercebidas". Agora, 10 anos depois me encontro aqui no meio dos perdidos (ou desapercebidos) com uma revista entre as mãos e leio: "São Paulo é uma cidade de coisas despercebidas".

Mais não posso dizer, deixo aqui a leitura e confirmação de que existe muito em comum comigo em algumas cabeças por aqui.


São Paulo é uma cidade sem crianças. É uma cidade onde não se pode olhar para os lados senão pelo reflexo das janelas ou dos óculos escuros; onde não é permitido obter ou prestar atenção. São Paulo é uma cidade sem muito amor nem muito ódio, onde os que choram no ônibus são ignorados, os que pedem informações ganham um olhar desconfiado e os que cantam - pobres dos que cantam - são advertidos por um funcionário de cinza, com o estatuto interno do Metrô. Na rampa da estação Santana, é proibido brincar de escorregador.

São Paulo é uma cidade em que ninguém tem o direito de surpreender, a não ser os loucos, as crianças e os velhos. Todas as terças e quintas de manhã, dezenas de velhinhos dançam bolero, tango e rumba no Sesc Ipiranga. Enquanto isso, um outro senhor opta pela corrida de resistência: Tuplet Vasconcelos, um magro cidadão de 85 anos, já participou de 114 maratonas nos últimos quinze anos, tendo completado a Corrida Internacional paulista de 1999 em cinco horas e quarenta e cinco minutos. Deixou pra trás centenas de competidores. Há velhinhos que jogam dominó; outros tomam aulas especiais de saúde na Universidade Federal de São Paulo. A maioria anda devagar pelas ruas, em total contradição com o ritmo da cidade.

Há, ainda, os que vagam pelos metrôs a esmo, como um certo senhor sentado no banco cinza, a quem uma mulher perguntou: “Este trem vai pro Jabaquara?”, e ele suspirou: “não sei”. A réplica não demorou: “mas para onde é que ele está indo?”; novamente um suspiro e a resposta: “Olha... não sei”.

Nas ruas de São Paulo, todos sabem para onde vão; programam-se para caminhar em linha reta, rumo ao horizonte, e vão atropelando hidrantes, cachorros quietos e criancinhas perdidas. Próximo à entrada dos fundos da USP, junto à Marginal Pinheiros, uma mulher sem-teto gritava, de longe, para o filho de uns 9 anos: “Onde é que tá o Caio?” - e o menino dava de ombros, fazendo um “sei lá” engraçado com o corpo todo. Tinha um olhar meio sapeca, e escondia atrás dele uma caixa enorme de papelão (que se limitava a ficar de pé, impassível). A moça já estava virando as costas, conformada, quando a caixa caiu no chão de repente, em meio a um barulho enorme. E, de dentro, após um penoso esforço para empurrar as abas, saiu engatinhando um menino pequeníssimo, minúsculo mesmo, nem ligando para essas coisas da vida; queria apenas saracotear o mais rápido que podia, de uma ponta à outra do gramado.

Caminhando pelo asfalto, as pessoas veem guris saindo de dentro de grandes caixas, a engatinhar, e não dão a mínima. Nada atinge os que passam na rua; nem mesmo um martelo, que certo dia escapou, lenta e inexplicavelmente da mochila de um rapaz, e foi aterrissar na calçada da Avenida Paulista, causando quase nada de transtorno aos que por ali andavam. Apenas deram a volta, sem oferecer ajuda ou achar minimamente estranho. Que tivesse um martelo dentro da mochila, oras. Não é da minha conta.

Há mães que também não acham ser da sua alçada um certo garoto que cutucava a saia e a paciência dos passageiros do metrô, tentando convencer a referida progenitora a correr com ele para fora do vagão. Queria porque queria sair de lá e entrar no trem oposto, que ia para o Jabaquara e estava vazio; só para depois sair correndo de novo quando a porta abrisse e tomar, mais uma vez, o metrô para o Tucuruvi. Movido por nenhum motivo coerente, é claro. Apenas porque parecia algo bacana à beça - para a criança, não para os demais paulistanos irritados ou para sua mãe, que suspirava fundo e pedia para que ele falasse mais baixo, por favor, os moços ali estão reparando.

Em São Paulo, as pessoas morrem no meio do caminho, atravessam a rua nas horas que não deveriam e os prédios desabam, atrapalhando o tráfego. Na opinião dos taxistas, a esquina da Alameda Campinas com a Paulista é o lugar mais fácil para se atropelar transeuntes. Já no cruzamento entre as Ruas Humberto I e Conselheiro Rodrigues Alves, na Vila Mariana, os carros têm 3 minutos para circular - e as pessoas, pouco mais do que 2 segundos.

Em São Paulo, os pedestres não existem; bem como as cadeiras de rodas, os mendigos (meu nome é Francis e estou vendendo drops), as árvores e as bicicletas. Os poucos que transitam pelas ruas estão indo de um lugar a outro, preocupados com a hora do estacionamento. Nas calçadas da avenida Paulista, não se pode andar em paz sem trombar com um guardinha bravo, que normalmente apita na orelha dos que passam e os obrigam a parar. Tudo para que os carros de vidros fumê possam atravessar a calçada, rumo aos estacionamentos.

Alguns ainda resistem: todos os últimos sábados do mês, um grupo de jovens promove uma Bicicletada pelas avenidas de São Paulo e questionam a utilização das vias públicas. Vestem uma máscara branca de enfermagem e saem por aí, com seus veículos alternativos (sejam patinetes, pogobóis, skates, monociclos, bigas ou pula-saco). “Não estamos atrapalhando o tráfego, nós SOMOS o tráfego”, diz o slogan do Reclame As Ruas, movimento internacional no qual se baseou a Bicicletada paulista. A favor das aglomerações e das festas, sempre no meio da avenida.

A cada ano, cerca de 180 mil pessoas tiram a carteira de habilitação do Detran (Departamento de Trânsito). Quinhentos mil novos automóveis entram em circulação na cidade. Toda esta multidão, atordoada, decide dispor de seu direito de ir e vir geralmente ao mesmo tempo, provocando congestionamentos que já chegaram a somar 240 quilômetros, em um feriado de 1996. A distância, para se ter uma idéia, equivaleria a 3 milhões de potinhos de Yakult, empilhados um a um, embora a comparação não faça qualquer sentido. No ano 2000 houve, em São Paulo, um acidente a cada 2,9 minutos; um atropelamento a cada 44,4 minutos; um morto a cada 5,9 horas. Todos devidamente contabilizados, etiquetados e despachados - em 2002, uma das vítimas foi um pacato cavalo, atropelado no meio de uma rua do Morumbi pela cantora Sula Miranda.

A balbúrdia da cidade encontra seu buraco negro todas as sextas-feiras à noite na praça de alimentação do Shopping Metrô Tatuapé - onde reina o silêncio quase absoluto. Desde que foi inaugurado, o shopping virou ponto de encontro de deficientes auditivos, que passam a noite se comunicando em silêncio, através da linguagem de sinais. Em algumas ocasiões já chegou a haver mais de 200 deficientes auditivos no local.

São Paulo é uma cidade em que ninguém tem o direito de se surpreender, a não ser os loucos, as crianças e os velhos. Mesmo que haja tanto a ser descoberto. Mesmo que existam tantas cidades nas sombras da São Paulo que sai nos jornais.