"Suar o amor correndo no parque, como sugere o amigo Zed, corrida e Leonard Cohen no Ipod.
“Amor é água”, como sopra o policial em bicas do filme “Amores Expressos”, a película chapa 1994 do supracitado autor deste infalível método.
O mesmo sr. Kar-Wai do “Amor à flor da pêle”, donde os vestidos e a dança elegante da fumaça dos cigarros tinham também o poder da cura.
Voltemos ao parque.
Suar como o personagem derretendo-se em água e vapores do outro lado do mundo, como a garçonete maluquete que chacoalha juízo e esqueleto à base do som de “califórnia dreams”.
A mocinha linda e sound system, sabor gengibre, marinados corazones ao molho de ovas esfarinhadas de peixe amarelo.
Amor é água.
Suar o amor e sair voando pela janela de bicicleta ergométrica.
Suar no Ibirapuera e no parque da Água Branca.
Suar o Jaguaribe, o maior rio seco do mundo, e fugir das balas envenenadas dos pistoleiros daquele vale para sonhar com novos e mais perigosos amores.
Suar num estirão do Pina à praia de Boa Viagem, como acabei de fazer agora.
Suar de Olinda ao Janga. Suar do Leblon ao Arpoador sem distrair a vista com as bundas, assim não vale, perde o sentido da mandinga.
Suar os amores líquidos e as Guarapirangas dos amores represados.
Suar a baía de Todos os Santos e as lagoas do Mundau e dos Patos.
Suar a baía de Guanabara de amores em cardumes de peixes mortos.
Suar até fazer chover por todos os poros o amor que fica, o amor platônico e o amor de pica.
Suar o amor como um esmorecido sua com um pirão queimando os beiços.
Suar todas as glândulas amorosas; suar o amor em Teresina, com um prato de capote ao molho ou uma fina iguaria de Beth Cuscuz.
Suar, amigo, a derrama das nódoas por dentro, suar solitário no pedalinho que um dia foi amoroso na lagoa Rodrigo de Freitas.
Mas nada de suar para perder peso ou por esporte, falo suar, por enquanto, para limpar-se dos amores sem futuro."
Ah o Xico Sá...